Objetificação da mulher: uma cultura que precisa morrer

Se você usa internet e redes sociais regularmente, há grandes chances de já ter esbarrado com qualquer dos conceitos clássicos do feminismo – além de outros mais contemporâneos, incorporados a esse vocabulário mais tarde. Mas você sabe o que cada um deles significa? Neste vocabulário feminista, você vai entender mais sobre alguns termos para conseguir participar efetivamente do debate.

Índice do teor:

  • O que é
  • Vocabulário

O que é um vocabulário feminista?

glossário feminista

Nossa língua é viva. Ela se expande e adapta conforme a evolução da sociedade, muito uma vez que as novas invenções e as novas reflexões que fazemos em torno de assuntos já conhecidos. Assim, criam-se outros termos para ampliar e especificar melhor os mais variados assuntos, e com o feminismo não é dissemelhante. Mas, para escoltar um tema e falar com propriedade sobre ele, é importante se apropriar do vocabulário que já foi construído em torno dele. Assim, é provável se expressar de forma mais clara e completa.

É para isso que serve o vocabulário. Vocabulário é uma lista de palavras importantes dentro de um tema, acompanhadas de suas definições. Com ele, é provável saber melhor certos conceitos e entender uma vez que eles se conectam.

Agora que você já sabe o que vai encontrar cá, segue o seu vocabulário feminista!

Termos que você precisa saber para entender os debates feministas

Para você participar do debate sobre isenção de direitos, conseguir refletir sobre as diferenças que ainda existem entre homens e mulheres na nossa sociedade e se proteger de estratégias de controle e dominação reproduzidas muitas vezes até sem que se perceba, cá estão 15 conceitos importantes e bastante contemporâneos para você saber.

1. Machismo

glossário feminista

Termo fundamental para debutar leste vocabulário feminista, o machismo é, de forma muito rasa, um preconceito que valoriza os homens em detrimento das mulheres. De entendimento com Mary Pimentel Drumont, professora assistente do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia do Instituto de Letras, Ciências Sociais e Instrução da UNESP – Araraquara, “o machismo é definido uma vez que um sistema de representações simbólicas, que mistifica as relações de exploração, de dominação, de sujeição entre o varão e a mulher”, ou seja, ele faz parecer “oriundo” um sistema de exploração fundamentado no sexo biológico com o qual as pessoas nascem.

Esse sistema se manifesta na forma de um preconceito que se opõe à paridade de direitos entre os gêneros e favorece o gênero masculino em detrimento do feminino. Nesse sentido, a mulher é vista uma vez que “subalterno” de várias formas, uma vez que, por exemplo, física, psicológica e intelectualmente. Por ser um pensamento cultural, ele se manifesta nas mais diversas instituições da sociedade, uma vez que a família, religião, mídia, artes, etc.

Micromachismo

Esse termo define alguns comportamentos que, de tão incorporados ao nosso cotidiano, às vezes passam despercebidos. Um exemplo é quando o garçom entrega a bebida mais possante para o varão quando estão um varão e uma mulher numa mesa, sem perguntar quem pediu o quê. Ou logo, quando “naturalmente” a mulher assume as tarefas domésticas, enquanto o varão se dispõe exclusivamente a “ajudar”, uma vez que se a mulher tivesse uma propensão oriundo para a maneira da mansão e isso não fosse também uma responsabilidade masculina.

Nessa mesma direção, é muito mais geral que se aceite desordem na mansão de um varão que mora sozinho do que na mansão de uma mulher na mesma exigência. No caso dela, é desleixo, no caso dele é normal.

Vale ressaltar que proferir que o termo “micro” não diminui o peso de tais comportamentos – o micro cá exclusivamente indica que ele não é tão facilmente identificável quanto outras manifestações do machismo aos quais as mulheres são submetidas todos os dias, uma vez que a violência física e psicológica, o estupro, entre outras.

2. Patriarcalismo/patriarcado

Segundo o professor Thomas Bonnici, em seu livro Teoria e Sátira Literária Feminista, “o patriarcalismo é definido uma vez que o controle e a repressão da mulher pela sociedade masculina e parece constituir a forma histórica mais importante da partilha e vexação social”.

De forma literal, a vocábulo patriarcado remete à mando do varão através da figura do pai, refletindo um protótipo de família específico que se teve por muitos anos uma vez que o ideal e que era escravizado pelos homens. Os “homens da família” estabeleciam as regras, enquanto mulheres, crianças, trabalhadores domésticos e escravos obedeciam.

3. Misoginia

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Outra vocábulo fundamental em um vocabulário feminista, misoginia se origina do heleno, vindo da junção de μισέω (miseó, “ódio”) e γυνὴ (gyné, “mulher”). Assim, o termo significa, literalmente “ódio à mulher”. Entretanto, quando se fala de misoginia, não necessariamente se trata de um ódio direto à mulher. A misoginia se revela mais frequentemente uma vez que um paisagem estrutural da sociedade, um tanto muito atrelado ao machismo e ao patriarcalismo e que gera diversos tipos de animosidade contra a mulher, sejam eles grandes ou pequenos.

A violência contra a mulher é consequência de uma misoginia incorporada na sociedade, assim uma vez que a objetivação, os micromachismos, etc. Curiosamente, até a homofobia, principalmente aquela contra homossexuais homens que sejam “afeminados” também tem diálogo com a misoginia, conforme explica Felipe Adaid, no item Homofobia e misoginia na modernidade: genealogia da violência. O homossexual afeminado é odiado por uma certa aproximação do que se vê uma vez que a revelação daquilo que é entendido uma vez que feminino na sociedade.

4. Objetificação

A objetificação acontece sempre que uma pessoa é reduzida, por qualquer motivo, à exigência de objeto. No caso da objetificação feminina, a mulher é desconsiderada enquanto ser humano completo e plural, e tomada exclusivamente por seu corpo físico e atributos sexuais. Outrossim, vista um “objeto”, a mulher pode muito facilmente ser vista também uma vez que posse.

Nesse sentido, durante muito tempo a mídia publicitária se “apossou” do corpo feminino com o objetivo de vender os mais variados produtos, desde bebidas a carros, passando por cigarros e mesmo audiência em programas de televisão. Outrossim, muitos homens, ao abordarem uma mulher que seja compromissada com um varão, pedem desculpas ao varão – subliminarmente entendido uma vez que o “proprietário” da mulher, em vez de pedir desculpas à mulher.

5. Feminicídio

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O feminicídio é um homicídio praticado contra uma mulher – e centrado nessa especificidade. Ou seja, no feminicídio, a mulher é morta por ser mulher.

Nesse tipo de violação, a mulher frequentemente é vítima de qualquer varão com quem ela teve qualquer tipo de relação, seja afetiva, seja de parentesco. Em outras situações, ela pode ser morta justamente por não querer ter uma relação afetiva com determinado varão, que, ao objetificá-la, acredita-se no recta de tirar a vida de uma mulher por ela não fazer o que ele quer

De entendimento com uma pesquisa publicada em 2019 pelo jornal Estadão, feita a partir boletins de ocorrência da Secretaria de Segurança Pública (SSP), uma mulher é vítima de feminicídio a cada 60 horas só no estado de São Paulo. A pena de reclusão para esse violação é de 20 a 30 anos de reclusão, mas, mesmo assim, o Brasil ainda está na 5ª posição entre os países com as maiores taxas de feminicídio.

6. Cultura do estupro

Segundo a pesquisadora Rita Segato, estupro não é sobre libido sexual. É sobre poder. E essa imposição de poder sobre os corpos (principalmente) femininos tem relação direta com outros termos deste vocabulário – machismo, patriarcalismo, objetificação.

O termo “cultura do estupro”, apesar de idoso, tem se popularizado a partir do entendimento de que o estupro, ou o que leva um varão a cometê-lo, não pode ser considerado uma vez que um tanto “oriundo” – visto que “cultura” pressupõe um tanto criado pela sociedade, portanto, um tanto passível de ser mudado.

Segundo publicação de 2022 do Fórum Brasiliano de Segurança Pública, se dividirmos a quantidade de estupros ocorridos em 2021 pelos dias e horas do ano, o resultado seria equivalente a proferir que uma mulher foi estuprada a cada 10 minutos no país.

Em 2016, por exemplo, uma jovem foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro. Crianças e adolescentes são estupradas, inclusive por pessoas que deveriam defendê-las. Ao falar de um estupro, usam-se frequentemente frases que tentam culpabilizar a vítima, uma vez que “ela estava bêbada” ou “ela usava roupas curtas”. Tudo isso faz segmento da cultura do estupro e precisa ser combatido e modificado uma vez que um paisagem cultural da nossa sociedade que precisa ser superado.

7. Slutshaming

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Esse termo vem do inglês e é constituído pela vocábulo “slut” (“vadia”, “vagabunda”) e “shame” (“vergonha”). Ele é usado para identificar um tipo específico de discriminação contra meninas e mulheres que tenham qualquer comportamento considerado promíscuo a partir do que é imposto pelo machismo uma vez que sendo o comportamento ideal para a mulher. Esse preconceito pode vir de homens e mulheres (porque mulheres também podem ser machistas) e geralmente critica roupas curtas ou decotadas, um comportamento mais livre em relação à própria sexualidade, etc.

O slutshaming está atrelado também à cultura do estupro, e se revela em frases uma vez que as mencionadas supra: “ela estava bêbada” ou “ela usava roupas curtas”.

8. Gaslighting

O gaslighting não poderia faltar neste vocabulário feminista. Muito grave, por ser sutil, ele é uma forma de manipulação psicológica, quando a vítima é levada a crer que está errada ou louca, mesmo com evidências apontando que ela está certa. Isso pode suceder entre as mais diversas pessoas, mas frequentemente acontece entre casais – e, na maioria das vezes vindo do varão para a mulher.

Por essa manipulação ser geralmente realizada por alguém em quem a vítima confia e por quem nutre afeto, é difícil de perceber, e frequentemente a pessoa precisa de ajuda psicológica para se libertar.

9. Mansplaining

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Mansplaining também tem origem na língua inglesa e une “man” e “explain”, ou seja, “varão” e “explicar”. Trata-se de uma prática em que um varão implicitamente subestima a perceptibilidade de uma mulher, tentando explicar um tanto a ela que ele pressupõe que ela não entenda.

Os temas que um varão se julga mais prático e capaz de explicar são os mais variados, mas frequentemente esbarram nos chamados “temas mais masculinos”, uma vez que carros, esportes, jogos, tecnologia e ciências, os quais muitos homens se julgam mais profundamente conhecedores do que qualquer mulher.

Uma versão dessa prática é o questionamento do conhecimento da mulher quando ela manifesta gostar de um matéria, por exemplo, quando uma mulher usa uma camiseta de uma filarmónica X e um varão começa a questioná-la sobre os álbuns dessa filarmónica ou qualquer tipo de conhecimento relacionado, uma vez que uma espécie de “teste” ou “validação” do conhecimento da mulher sobre aquele matéria.

10. Manterrupting

Essa prática consiste na frequente interrupção da fala de uma mulher por um varão, de modo que ela não consiga concluir seu raciocínio e se desestabilize. O manterrupting aparece frequentemente atrelado ao mansplaining, já que em muitos casos o varão interrompe a mulher por crer ser capaz de falar melhor sobre um determinado matéria do que ela.

O manterrupting é muito geral no mundo acadêmico, na política e na esfera profissional – não sendo, porém, individual desses ambientes.

11. Bropriating

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Esse termo surgiu inicialmente uma vez que Bropropriating, unindo a gíria “bro”, de “brother” e a vocábulo “apropriating” (“apropriação”). O termo se refere a situações, geralmente profissionais ou artísticas, em que homens tomam para si os créditos de ideias expressadas por mulheres ou objetos artísticos produzidos por elas.

É geral que essa ação venha ligada ao manterrupting e mansplaining, quando um varão interrompe uma mulher em sua fala e, refraseando o que ela disse, com variação do tom de voz ou novidade escolha de palavras, assuma a teoria para si. O bropriating pode suceder também sem interrupção, quando uma mulher expõe uma teoria, que não é aceita, mas depois, refraseada por um varão, passa a ser aceita pelos pares (em universal, também homens).

12. Manspreading

Mais um termo tomado da língua inglesa, o manspreading une a vocábulo “man” (“varão”) e a vocábulo “spread” (“espalhar” ou “esparramar”). Esse termo se refere a uma das maiores queixas das mulheres em transportes públicos: o hábito de os homens abrirem as pernas quando estão sentados, ocupando segmento do espaço do assento vizinho com essa ação.

13. Sororidade

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O termo vem do latim “soror”, que significa “mana”, e significa a união entre as mulheres. Apesar de parecer um tanto simples, na verdade, esse concepção tem uma prestígio gigantesca, uma vez que se opõe à cultura de competitividade entre mulheres estimulada pelo machismo de modo a enfraquecer as mulheres enquanto coletividade.

Assim, a sororidade é uma coligação entre as mulheres baseada em crédito, reconhecimento reciprocamente, suporte e empatia. Outrossim, também está ligada à tentativa de enfrentar os obstáculos impostos pelo machismo e o patriarcado às mulheres pela via da união. Assim, a sororidade defende que as mulheres podem ocupar muito mais a partir do suporte reciprocamente em vez do julgamento e rivalidade. É justamente por isso que esse termo não pode faltar neste vocabulário feminista.

Empoderamento

Apesar de a vocábulo já ter sido cooptada pelo mercado e incorporada em milhares de campanhas publicitárias que esvaziaram um pouco seu sentido, o empoderamento se mantém importante por tirar das mulheres o papel de fragilidade imposto por séculos pelo patriarcalismo. Assim, o termo se relaciona à tomada de poder que o conhecimento e a luta feminista possibilita a todas as mulheres. Depois de empoderadas, as mulheres não se deixam inferiorizar por diferenças de gênero e se impõem sempre contra o machismo.

14. Teste de Bechdel

Figura importante deste vocabulário feminista, esse teste deve seu nome à roteirista e quadrinista Alison Bechdel, que o incluiu na obra Dykes to Watch Out For (“Sapatas a observar”). Em uma tirinha chamada The Rule, de 1985, e presente nessa obra, uma mulher diz a outra que só assistirá filmes que cumpram três requisitos:

  1. Tenham no mínimo duas personagens mulheres;
  2. Essas duas personagens precisam conversar entre elas em qualquer momento do filme;
  3. Quando isso ocorrer, elas não podem estar falando sobre um varão.

Curiosamente, muitos filmes não passavam (alguns ainda não passam) nessa regra, revelando a proeminência do oração masculino e mostrando que, em muitos filmes, as personagens femininas só existem uma vez que escada do protagonista varão. Apesar de romper na tirinha uma vez que uma forma de determinar filmes, esse método pode ser aplicado em outros produtos artístico-culturais, uma vez que livros, séries, HQs, etc.

15. Interseccionalidade

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O último termo do nosso vocabulário feminista ainda não é tão popular, mas vem ganhando força. Trata-se de uma vocábulo usada para definir a intenção de pensar o feminismo em conjunto com outras questões sociais importantes, uma vez que o movimento LGBTQIA+ e a luta antirracista, ou pensá-lo levando em consideração outras dificuldades específicas que as mulheres podem ter na sociedade e que adicionam uma classe a mais de preconceito, uma vez que a desigualdade social, a gordofobia, o etarismo ou o capacitismo.

É importante entender que mulher não é um concepção uniforme: há diversos elementos se interseccionando e atuando em torno da existência de cada mulher, e é importante levar isso em consideração para que todas as individualidades sejam respeitadas e possam ter vidas dignas.

Apesar de nosso vocabulário feminista ser longo, ele certamente não cobre tudo o que é importante saber sobre o feminismo para atuar cada vez melhor na sociedade. Logo, que tal se aprofundar um pouco mais lendo alguns livros feministas que possam mudar a sua forma de pensar o mundo?



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